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História de Cambará do Sul

Dados Gerais

 

 Histórico

 

Outrora viviam aqui Brasis do grupo Jê, que hoje tem como seus remanescentes os Kaingangs e Xocléns. São encontrados vestígios no morro dos Bugres, furna da araucária, morro do crespo, furna do garrafa. Eram nativos que construíam suas habitações em buracos cavados no chão geralmente em topo de morros e ali ficavam até seguirem para outros lugares já que possuíam o estilo de vida nômade.

“Na primeira década do século XVIII, os jesuítas mandaram para o campo dos planaltos nordestinos 80.000 reses”. (RUCHEL 2000: 41)

A partir daí começaram a se abrir caminhos que ligassem a Vacaria dos Pinhais campos de Curitiba e São Paulo para que se conduzisse o gado capturado para comercializa-lo na feira de anual de Sorocaba. Assim os tropeiros vindos da região sudeste e sul do Brasil começaram a se instalar nesta região dando origem as primeiras propriedades. No ano de 1732 inicia-se a política de concessão de sesmarias como uma estratégia portuguesa de dominação de territórios desocupados e surgem nesta região as sesmarias do Máximo, Santana, São Gonçalo e Lobo, todas de propriedade do Alferes Joaquim José do Canto e Mello.

O nascimento do município de Cambará do Sul deu-se com a doação de 20 hectares de terras para a igreja feita por Dona Úrsula Maria da Conceição que fazia parte de uma das famílias mais tradicionais da região, com a finalidade de pagar uma promessa ao Santo de sua devoção “São José”. Este ato foi realizado em 17 de abril de 1864.

Em 23 de dezembro de 1902, São Francisco de Paula desmembrou-se de Santo Antonio da Patrulha e a então vila São José do Campo Bom passa a constituir seu 4º Distrito. No final da década de 1930 o distrito de São José do Campo Bom passa a categoria de Vila e perde este nome em virtude de já existir um município com esta denominação no Estado do Rio Grande do Sul adquirindo assim a denominação de Vila Cambará devido a grande quantidade de árvores com este nome existirem em seus arredores.

Em 23 de dezembro de 1963, Cambará do Sul conquista sua emancipação. Em 1965 instala-se a prefeitura tendo com prefeito o Senhor Luiz de Almeida e Silva.

 

 População

 

População: 6.843 habitantes;

População urbana: 3.051 habitantes;

População rural: 3.792 habitantes;

Área territorial: 1.158 km2;

Altitude: 980 metros;

Distancia de Porto Alegre: 180 km;

 

 Economia

 

A economia de Cambará do Sul esta desenvolvida na pecuária, primeira atividade econômica e por muitos anos a principal, hoje em decadência; na agricultura, ainda pouco desenvolvida onde é plantado principalmente batata e alho; na silvicultura, desenvolvida através do cultivo de imensas áreas de Pinus iliotis e Pinus thaeda, para a indústria de celulose e madeira, na apicultura e no turismo um grande potencial para a região.

 

 Turismo e Ecoturismo

 

O turismo é reconhecido mundialmente como a indústria do terceiro milênio por ser ela não poluidora, conscientizando as pessoas a preservarem a natureza. Cambará do Sul possui um enorme potencial turístico que se bem planejado pode vir a dar um enorme impulso a nossa economia

O município de Cambará do Sul conta com uma razoável infra-estrutura turística, com 23 pousadas oferecendo um total de 450 leitos, 8 restaurantes, guias locais de ecoturismo especializados, agência de viagens e turismo.

O turismo em Cambará do Sul vem ganhando destaque, pois, a região é privilegiada pela natureza, onde temos dois Parques Nacionais onde esta localizado o Cânion Itaimbézinho, um dos mais conhecidos do Brasil e do Mundo além de uma cadeia de cânions e gargantas. Além disso, contamos com uma belíssima área de entorno com infinitas cachoeiras, lajeado, rios, campos e matas.

Existe ainda a possibilidade de desenvolvimento do turismo rural através das propriedades e pousadas rurais existentes na região, com seus produtos campeiros, passeios a cavalo e pesca esportiva.

 

 Sociologia do Turismo

 

Objetivo: Problematizar a importância da participação do jovem cambaraense nos assuntos de interesse público do nosso município, em particular e do mundo de uma maneira geral, através de uma abordagem multidisciplinar sobre temas relacionados ao turismo e ao desenvolvimento sustentável. Principalmente, destacando através de uma abordagem sociológica, o turismo sustentável e o ecoturismo, com algumas temáticas relacionadas:  inclusão social,  participação política,  associativismo,  integração social,  hospitalidade,  qualidade de vida, direitos humanos e  identidade cultural.

 

Turismo: É uma atividade multidisciplinar que cria relações e situações que combinam cultura, educação, meio ambiente, lazer e saúde.

“Turismo é movimento de pessoas, é um fenômeno que envolve, antes de mais nada, gente. É um ramo das ciências sociais e não das ciências econômicas e transcende a esfera das meras relações da balança comercial.” (Margarida Barreto)

“ O Turismo, numa abordagem simplificada, é um tipo específico de deslocamento, praticado por um tipo singular de viajante, o turista, que se diferencia dos demais por objetivos de viagem, tempo de permanência e estado de espírito.

Ao mesmo tempo, o turismo constitui um fenômeno social, dado que implica o deslocamento de grandes contingentes de pessoas, que passam a ser habitantes temporários de locais, nos quais não residem, e criam múltiplos impactos nessa sociedade ou comunidade receptora.” ( Tânia Siqueira Montouro)

 

Desenvolvimento Sustentável: “... desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras em satisfazer suas próprias necessidades.” (Luciano Amaral Oliveira)

Agenda 21: É um documento assinado por 200 países representados na ECO92 ( Realizada no Rio de Janeiro). Prevê a  busca de práticas sustentáveis e modalidades de cooperação internacional de combate à pobreza, questiona padrões de consumo e contempla a necessidade de informação como um elemento necessário para que todos possam participar da decisões e ações que afetam a vida do planeta. Entre outros pontos, propõe redução de consumo de água, energia, a melhoria da gestão do lixo, acelerar a transferência de tecnologia que permitam gestão ecologicamente segura, incentivar a concessão de certificados a empresas ambientalmente seguras, estruturar normas e políticas de gestão do turismo ambiental e socialmente ecológico, elevar, por meio de informação e treinamento, a conscientização dos impactos negativos do turismo predatório.

Rio+10: Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizado em 2002, em Joanesburgo/África do Sul. Reforça os compromissos assumidos na Agenda 21, destacando as formas de gestão sustentável da agricultura, dos recursos naturais, de inclusão social e de planejamento estratégico que contemple a dimensão ambiental nos programas de desenvolvimento econômico, tecnológico e científico.

 

Turismo Sustentável: “Um desenvolvimento sustentável do turismo satisfaz as necessidades dos turistas atuais e das regiões receptoras enquanto protege e aumenta oportunidades no futuro. Assuma-se que leva a um manejo de todos os recursos, de uma maneira que necessidades econômicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas enquanto a integridade cultural, processos biológicos essenciais, diversidade biológica e sistemas de suporte da vida são mantidos.” (Organização Mundial de Turismo e PNUMA).

O Conselho Brasileiro de Turismo Sustentável – CBTS ( Criado em junho/2002, composto por empresários, operadores de turismo, comunidades de destinos turísticos e entidades ambientais) estabelece que a concessão de certificação ambiental e social será fornecida para empreendimentos turísticos que sejam social e ambientalmente seguros. O CBTS amplia, no âmbito das políticas para o setor, a definição de turismo sustentável e inclui como seus princípios básicos:

-               O respeito ao patrimônio histórico e cultural, representado por prédios e monumentos e pela tradições e valores das culturas locais;

-               A possibilidade de gerar emprego e renda, de promover a capacitação de recursos humanos locais;

-               A promoção da equidade sócio-econômica entre os agentes;

-               A defesa dos direitos humanos, do uso da terra da qualidade ambiental e,

-               A promoção de práticas que minimizem o impacto ambiental.

 

Ecoturismo: É um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva a conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista  através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar às populações envolvidas, respeitando as comunidades locais, envolvendo-as nas atividades e no planejamento turístico.

 

 

 Arquitetura

 

É pela arquitetura que se percebe o estilo de vida de um povo. No município de Cambará do Sul não é diferente, a arquitetura local se moldou de acordo com a diversidade de etnias que povoaram essa região, sua posição geográfica, seu clima e sua possibilidade de encontrar materiais para a construção de suas habitações.

A maioria das construções era feita de madeira, já que era abundante a existência de gigantescas araucárias nesta região, mas o principal objetivo das construções de madeira era a proteção contra o frio do intenso inverno e da constante umidade vinda da costa (formação geológica típica da encosta do planalto, onde se localiza os dois Parques Nacionais).

Hoje as poucas residências antigas que ainda existem apresentam as seguintes características:

Teto com ângulo agudo para que o peso da neve não quebre a estrutura da casa, utilizando esta parte interna da casa como quarto para os filhos homens;

A cozinha a parte maior da casa e mais importante onde todos freqüentam com mais assiduidade, já que ali se situa o fogão a lenha;

A sala de visitas é a menor dependência da casa;

Quartos não muito grandes, muitas vezes localizados entre a sala e a cozinha;

A construção da parte externa da casa era realizada utilizando as tabuas na posição horizontal (uma questão de economia quando se necessita trocar a madeira próxima ao chão úmido);

Nas propriedades rurais a maioria das casas eram construídas em forma de L (características herdadas de algumas famílias de italianos), voltadas para o leste para que os primeiros raios de sol aquecessem toda a casa.

 

 Vestimenta

 

Chapéu, lenço, camisa, cinto, guaiaca, bota e bombacha, vestes que fazem parte da indumentária gaúcha. Cambará do Sul apresenta uma forte identidade gaúcha, herdada dos tropeiros birivas que passavam por aqui em busca do gado.

Gaúchos por excelência os cambaraenses estão habituados a andar trajado no seu dia a dia. Aqui a pilcha deixou de ser um simples adereço e faz parte da vida campeira e do traje dos habitantes da cidade.

É muito comum encontrarmos pessoas trajadas no município, desde as pessoas mais velhas, que nunca deixaram de usar, até os mais jovens, que hoje se tornam tradicionalistas ligados a CTGs (Centro de Tradições Gaúchas).

 

 

 

 Culinária

 

A gastronomia do município de Cambará do Sul é muito rica em variedades, feita com muita simplicidade, usando os próprios temperos plantados por seus habitantes como a cebola de cabeça, cebola verde, manjerona, salsa, sálvia, louro, pimenta, etc.

Dentro da gastronomia salienta-se de um modo geral a presença de carne, que é um prato presente em toda a refeição e, além disso, o cardápio foi enriquecido pelos moradores. São eles:

Carreteiro de charque, paçoca de pinhão, charque com batata, churrasco de gado, de ovelha e de porco, carne de panela, couve refogada, tutu (feijão mexido), paçoca de charque, mocotó, pirão de farinha de mandioca, risoto de galinha caipira, polenta, cuscuz,torresmo, entre outros. Entre os doces e misturas pode se encontrar a rapadura de gila, doce de leite, figada, marmelada, rosca de polvilho e bolachas caseiras.

 

 Turismo Sustentável

 

Turismo sustentável é um tipo de turismo que é economicamente viável, que não destrói os recursos dos quais o turismo no futuro dependerá, principalmente o meio ambiente natural e social da comunidade local, forma de turismo que satisfaça hoje a necessidade dos turistas da indústria do turismo e das comunidades locais sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem suas necessidades.

Sustentável é aquilo que se pode manter, conservar; é o que se pode preservar, sem se esgotar. Desenvolvimento sustentável existe no mundo natural, na reciclagem da matéria. Os elementos químicos que formam o ar, as rochas, o solo e a água são utilizados inicialmente pelos produtores. Esses produtores servem como alimento para os consumidores primários, que por sua vez vão ser consumidos por outros consumidores pertencentes à cadeia alimentar passam pelas cadeias alimentares e os detritos, assim como os cadáveres são decompostos pelos microorganismos, principalmente bactérias e fungos, sendo devolvidos ao ambiente e assim estão prontos para serem reutilizados, em um processo contínuo. A reciclagem, palavra de ordem da natureza, é um dos fatores de equilíbrio e devia ser imitado pela sociedade humana.

Pensar em desenvolvimento sustentável, requer, em primeiro lugar refletir sobre qualidade de vida. Muitas pessoas traduzem qualidade de vida como quantidade de produtos a serem consumidos e acumulados pelos indivíduos. Ao mesmo tempo comparam a natureza a um grande supermercado, onde os produtos estão dispostos para serem tomados, independentemente de suas características e possibilidades de renovação, e de sua articulação com os demais itens nas outras prateleiras.

 

 Parques Nacionais de Cambará do Sul e seus ecossistemas

 

O que é um Parque Nacional e qual é seu objetivo?

 

Parque Nacional são áreas geográficas, com limites definidos, com a finalidade de resguardar características especiais da natureza tais como: paisagem de beleza rara, espécies de fauna e flora em perigo ou ameaçados de extinção, conciliando a proteção integral do ambiente com sua utilização para objetivos educacionais, recreativos e científicos. Seu principal objetivo é a preservação dos recursos de fauna e flora, isto é, ao patrimônio genético, visando a redução das taxas de extinção de espécies a níveis naturais e garantir a auto-regulação do meio ambiente.

 

 Parque Nacional de Aparados da Serra

 

O Parque Nacional de Aparados da Serra foi criado através do decreto nº 47.466 de 17 de dezembro de 1959, localizando 59% de seus limites em Cambará do Sul RS e 41% de suas terras no município de Praia Grande SC. Sua área atual é de 10.250 hectares.

Significativamente o termo “aparados” advém da configuração geográfica da região, pois em determinados pontos temos a impressão que o planalto foi aparado, cortado a fio de faca, terminando sem transição na aba de precipícios verticalmente dispostos, situados nos limites entre o planalto e o litoral.

 

 Clima

 

O clima de Cambará do Sul é considerado raro, pois ainda mantêm, as estações bem definidas.

No inverno, o frio reina durante os meses de junho, julho e agosto, e algumas vezes até setembro, com incidência de temperaturas negativas, que já chegou a mínima absoluta de 8ºC negativos. Nessa época os campos ficam queimados pela forte geada e algumas vezes pela neve.

A mata fica em silêncio e os animais se recolhem. E finalmente chega o minuano, vento forte e constante, mostrando mais uma vez sua face, colocando as pessoas em suas casas ao redor do fogão a lenha, “ É momento de se recolher”.

Em meados de setembro é o inicio das chuvas de primavera que segue até outubro. Cambará do Sul possui um dos maiores índices pluviométricos da região sul. Então os campos começam a ficar verdejantes, com flores de cores vivas, e os animais saem em busca de alimentos.

Com a chegada do verão vem também à viração (nevoeiro), que é resultante da condensação entre o ar quente e úmido que vem do litoral encontrando o ar frio do planalto. A serração se aproxima lenta e muito tímida, mas de repente ela toma conta de todo o planalto da serra gaúcha.

O sol mantém os dias quentes, mas no final do dia sempre chega a chuva deixando um vento suave e agradável até o outro dia.

O outono se mantém entre meados de março até o inicio de junho, trazendo tranqüilidade, temperaturas amenas, poucas chuvas e pouca viração.

 

 Flora

 

A flora do município de Cambará do Sul está bem preservada. Os Parques Nacionais de Aparados da Serra e Serra Geral, representam um significativo percentual da flora total do estado, com cerca de 630 espécies catalogadas, e apresenta-se sobre várias faces, bem características, tais como: Mata de Araucária, Campos de Altitude, Banhados, Turfeiras, Vegetação Rupestre, Matinha Nebular, Mata Atlântica, Mata Ciliar.

A flora do município é abundante, representada pelo pinheiro nativo a araucária angustifólia, o cambará, canela, cedro, corunilho, bugre, cambuim e ipê. Há ainda árvores silvestres comestíveis que são as seguintes: guabiroba, amora, ingá, araçá, são João, goiaba do mato, etc.

 

 Espécies Endêmicas e Espécies Exóticas

 

Espécies endêmicas são espécies que só são encontradas em uma determinada região, como por exemplo o poejo, madressilva-rasteira, ingá que só são encontradas nos campos e florestas da região.

Espécies exóticas são espécies que são trazidas de alguma região e são introduzidas em uma região que não é sua região de origem. Geralmente são espécies que não encontram barreiras naturais que possam impedir sua proliferação e adaptação como por exemplo o Pinus iliotis e Pinus thaeda, espécies trazidas da América do Norte e introduzidas no Rio Grande do Sul para se utilizar como matéria prima para fabricação de celulose, madeira e móveis.

 

 Mata Ciliar

 

É a mata encontrada sobre a borda dos rios, responsável pela preservação das nascentes dos cursos d’água e pela proteção dos rios contra assoreamentos resultantes de processos erosivos. É também de extrema importância para a fauna porque este tipo de ambiente acaba formando uma galeria por onde os animais circulam em segurança se deslocando de uma mancha de floresta para outra. Sendo assim ela serve como um elo entre diferentes zonas de florestas, formando um corredor ecológico e garantindo a sobrevivência de animais restritos ao ambiente de mata.

 

 

 Mata Nebular, Mata de Araucária e Mata Atlântica

 

A mata de araucárias constitui um dos mais importantes ecossistemas do Sul do Brasil e um dos mais ameaçados também. É caracterizada pela presença da Araucária angustifolia (pinheiro brasileiro) e sua concentração em Cambará do Sul se dá ao longo dos rios, vales e encostas mais ou menos se encaixando nas fraturas geológicas regionais. Ocorre também como manchas isoladas no meio do campo, denominada assim de capão e geralmente abrigando uma nascente de água. É possível observar nesta mata, três estratos sendo que o superior é formado apenas pela Araucária, tão expressiva em sua beleza que confere o nome a esta formação. No estrato intermediário inferior constata-se a presença de grandes quantidades de árvores de pequenas folhas, pertencentes à família das mirtáceas, pinheiro bravo, casca d’anta, aroeira, carvalho brasileiro, a canelinha e outras. No estrato seguinte encontra-se as pequenas árvores e os arbustos, em geral formada por exemplares de melastomastáceas. Complementam a estrutura da mata espécies epífitas como orquídeas, bromélias e germeriáceas, além de pteridófitos e numerosos liquens e musgos.

A mata nebular é formada por árvores de porte baixo de no máximo 8 metros de altura. Em Cambará do Sul forma uma estreita faixa ao longo dos canions, ocorrendo geralmente acima de 700 metros de altitude e tem este nome devido à presença constante da neblina. Não apresenta clara definição de estratos e possui árvores com troncos geralmente tortuosos, galhos rígidos, copas arredondadas e pequenas com folhas descoloradas e aspecto coriáceo. Em alguns trechos da borda do planalto se apresenta como zona de transição entre a mata de araucárias e a mata atlântica.

A mata atlântica (Ombrófila densa) embora não ocorra no município de Cambará do Sul é vista nas encostas da Serra Geral voltadas para o mar, abaixo de 700 metros de altitude, compondo a cobertura do Parque Nacional de Aparados da Serra e Serra Geral em sua proporção Catarinense. Hoje esta mata se acha bastante reduzida à manchas isoladas, em geral em locais de difícil acesso como as encostas íngremes e o interior dos canions. Constitui um dos maiores bancos de germoplasma, tendo muitas espécies utilizadas na indústria de cosméticos e farmacêutica.

 

 Vegetação Rupestre

 

Este tipo de vegetação ocorre nos paredões dos cânions e é composta por liquens, bromélias e cactos além de pequenas árvores e arbustos, destacando-se o urtigão (Gunnera manicata) com suas folhas enormes capazes de abrigar um homem em sua sombra.

 

 

 

 Campos, Banhados e Turfeiras

 

Em Cambará do Sul, podemos observar três tipos de campos: campos rochosos, campos secos e campos úmidos. Em todos os três tipos predomina o capim caninha (Andropogon laterallis), abrangendo também varias outra espécies de capim e arbustos além de algumas gramíneas. O campo rochoso ocorre nos coxilhões onde há afloramento de rochas, o campo seco é aquele observável nas coxilhas baixas e nos terrenos suave ondulados, os campos úmidos são encontrados sempre nas baixadas e nos terrenos mais ou menos planos fazendo a transição entre o campo rochoso e o campo seco, os banhados e as turfeiras.

As turfeiras são solos orgânicos que se formaram pela acumulação de matéria orgânica em um ambiente saturado com água e freqüentemente anaeróbico. As turfeiras ocorrem nos lugares mais planos, onde o escoamento é difícil e a água se acumula criando condições para o desenvolvimento de uma vegetação típica de ciperáceas, ericáceas, gramíneas, funcaceas, leguminosas e orquídeas terrestres. Caracteriza-se pela forte presença do musgo do gênero Sphagnum sp que cobre o solo com almofadas de cor verde viva ou vermelha escura. As turfeiras são o local onde ocorre o processo de carbonização lenta dos depósitos de restos de musgos e de plantas superiores conservando ainda sua estrutura anatômica. Muitas vezes elas funcionam como grandes reservatórios da água da chuva formando assim nascentes de cursos d’água formadores de rios e bacias hidrográficas. De equilíbrio muito frágil com seu meio ambiente, qualquer alteração, como o rebaixamento de seu nível de água resulta em uma série de mudanças em sua característica e comportamento levando a desintegração e decomposição do material orgânico com uma rápida contração e substancial descida das massas de ar.

 

 Orquídeas e Bromélias

 

As orquídeas são plantas cujas flores possuem extrema beleza. Vivem geralmente apoiadas em troncos de árvores ou no solo e são muito cultivadas como plantas ornamentais.

As bromélias são plantas consideradas ornamentais por excelência, compreendendo 50 gêneros e cerca de 3200 espécies.

 

 Solo

 

O solo de Cambará do Sul é de origem vulcânica, sendo moderadamente drenados, fortemente ácidos e com altos teores de alumínio. Sua fertilidade natural é baixa e há muitos afloramentos rochosos, tornando o solo raso em alguns pontos, o que dificulta a mecanização destas áreas.

Na camada superior do solo existe uma pequena faixa horizontal com alto teor de carbono, um solo preto rico em matéria orgânica, que devido ao clima frio que permite o acumulo da matéria orgânica.

 

 Evolução Geológica da Paisagem

 

De certa forma, pode-se dizer que a história de evolução geológica das paisagens da região onde hoje se encontram os parques nacionais de Aparados da Serra e Serra Geral iniciou-se com o surgimento do Planeta Terra. No entanto, é impossível para a Geologia afirmar com precisão em que instante do tempo geológico originou-se a região do planeta que viria a ser a atual região onde se encontram os parques. O que se sabe é que, no final do processo de resfriamento e diferenciação da Terra como planeta primitivo, um número muito grande de porções continentais, separadas por oceanos recém originados e ainda de água doce, formava esse mundo primordial. As únicas formas de vida existentes eram as bactérias e as algas unicelulares. Esse foi o panorama que caracterizava a Terra nos seus primeiros bilhões de anos, durante os Éons Hadeano e Arqueano.

Com o passar do tempo geológico, o que se imagina é que, em alguma época pós-Arqueana, teve início o mecanismo de Tectônica de Placas. A Teoria da Tectônica de Placas é a teoria que explica esse mecanismo, o qual controla a dinâmica da Terra e a formação e crescimento dos continentes. Sabe-se, atualmente, que a crosta terrestre é dividida em placas, as chamadas Placas Tectônicas, que se movimentam umas em relação às outras. Esse movimento é conhecido como Deriva Continental, sendo responsável pelos processos de fragmentação e colisão dos continentes. Com o início do mecanismo de Tectônica de Placas, as diversas porções continentais eram empurradas e colidiam umas com as outras, conforme a criação e espalhamento do assoalho oceânico. Colisões entre as placas criaram continentes maiores, diminuindo, ao mesmo tempo, o número de continentes existentes.

Há aproximadamente 600 milhões de anos, durante o Proterozóico Superior, uma série de colisões entre antigos continentes, ou crátons, durante o chamado Ciclo Brasiliano, deu origem a um supercontinente, o Gondwana. Ao final desse processo colisional, o Gondwana aglutinava em um único continente ancestral os atuais continentes da América do Sul, África, Antártida, Austrália e Índia, estando localizado no Hemisfério Sul do planeta, junto ao Pólo Sul.

Durante o período Carbonífero, há aproximadamente 300 milhões de anos, iniciou-se no Gondwana a formação de uma grande bacia sedimentar. Essa bacia é conhecida hoje como Bacia Sedimentar do Paraná, e abrange uma área de 1.200.000 km2, estendendo-se desde o Mato Grosso até o Rio Grande do Sul, no Brasil, e também à Argentina, Uruguai e Paraguai. A região onde se encontram os parques de Aparados da Serra e Serra Geral está localizada sobre a Bacia do Paraná, cuja evolução no tempo geológico está diretamente relacionada à formação das paisagens existentes hoje na região dos parques. Os sedimentos acumulados na bacia tornaram-se camadas de rochas sedimentares que, juntamente com os fósseis preservados pelas camadas, permitiram contar grande parte da história de evolução da bacia. Após a formação do Gondwana, os movimentos de deriva continental da placa tectônica desse supercontinente fizeram com que o mesmo migrasse em direção ao Hemisfério Norte, onde havia se formado outro supercontinente, denominado de Laurásia. Esse continente ancestral era formado pelos atuais continentes da Europa, Ásia e América do Norte. No início do período Permiano, a 290 milhões de anos, iniciou-se o processo de colisão continental entre o Gondwana e a Laurásia, que culminou com a formação de um único e gigantesco continente que aglutinava todas as massas continentais emersas do planeta, a Pangéia (do grego pan=todo; gea=terra).

Durante o período Jurássico, ocorreu na Pangéia a formação de um dos maiores desertos de que se tem registro na história do planeta, o deserto Botucatú. Esse deserto se estendia por quase toda a região sul da Pangéia, cobrindo completamente a Bacia do Paraná. O deserto Botucatú marcou o clímax da evolução da Pangéia e originou a formação conhecida atualmente como Formação Botucatú. Essa formação, constituída de arenitos bastante porosos, é de extrema importância atualmente, por abrigar um dos maiores reservatórios de água subterrânea do planeta, o denominado Aqüífero Botucatú.

Ao final do Jurássico e início do Cretáceo, há cerca de 132 milhões de anos, a Pangéia começou a se fragmentar em continentes menores, dando início ao processo de separação dos atuais continentes da América do Sul e da África. Enormes fissuras e zonas de falha se formaram na crosta do continente, dando início a um processo de vulcanismo de fissuras que extravasou volumes colossais de lavas. Essas lavas, depositadas sobre as areias do deserto Botucatú, cobriram grande parte da Bacia Sedimentar do Paraná. Os sucessivos derrames ocorridos foram os responsáveis pela formação das rochas basálticas e riodacíticas que constituem hoje a Formação Serra Geral. A evolução dessa formação, com suas características litológicas e estruturais é a principal responsável pela criação das excepcionais paisagens encontradas hoje na região dos parques nacionais de Aparados da Serra e Serra Geral, representadas pelos cânions da região. A continuidade do vulcanismo e o alargamento das fissuras deram espaço à formação de um novo oceano, o atual Oceano Atlântico, cujo assoalho cresce ainda hoje a uma taxa de 3 cm/ano, afastando cada vez mais a América do Sul da África. A completa separação dos atuais continentes Africano e Sul-Americano só ocorreu no final do Cretáceo, a 65 milhões de anos, quando se efetivou a atual configuração continental e os movimentos de deriva dos continentes pela tectônica de placas. Desde então, a erosão da escarpa da Serra Geral, através dos processos da dinâmica superficial, fez com que a mesma recuasse de sua posição inicial, localizada no extremo leste dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, para a configuração que conhecemos hoje. Prova disso são o Morro da Guarita, em Torres/RS, e os diversos morros testemunhos existentes na planície costeira, que ainda resistem aos processos erosivos e indicam que em algum momento no tempo geológico as escarpas estavam naquele lugar. Os sedimentos gerados nos processos de erosão ocorridos desde o início da abertura do Oceano Atlântico vêm sendo depositados junto à costa atual, na bacia sedimentar conhecida como Bacia de Pelotas. Entretanto, a morfologia costeira atual só foi delineada a partir dos últimos 400 mil anos, no período Quaternário. Nesse período, quatro grandes processos de flutuação do nível do mar controlaram a deposição e erosão de sedimentos costeiros, na forma de sucessivos depósitos do tipo laguna-barreira. Anteriormente, o clima frio e seco existente devido a uma glaciação que atingia todo o planeta fez com que a concentração de água nas geleiras causasse o rebaixamento do nível dos oceanos. No sul do Brasil, o nível do Oceano Atlântico chegou a estar mais de 70 metros abaixo do atual, e a linha de costa recuou mais de 100 km para leste da posição atual, deixando exposta grande parte da plataforma continental. Há cerca de 400 mil anos, o aumento das temperaturas provocou o degelo das geleiras e a conseqüente elevação do nível dos oceanos, mudando substancialmente a paisagem. Após a primeira transgressão marinha ocorreram ainda outros três ciclos de diminuição e elevação do nível do Oceano Atlântico. A segunda transgressão ocorreu a 325 mil anos. A terceira e quarta transgressões ocorreram, respectivamente, a 120 mil e a 5 mil anos. Os depósitos sedimentares que definiram a morfologia da Província Costeira atual, e, portanto a paisagem que conhecemos hoje na região baixa dos parques de Aparados da Serra e Serra Geral, foram originados durante essas transgressões e regressões do nível do mar.

É importante salientar que o recuo e a conseqüente evolução das escarpas da Serra Geral continuam mesmo nos dias de hoje, da mesma forma que vem ocorrendo a 65 milhões de anos. Esses processos são processos lentos, pouco perceptíveis na escala de observação humana, mas que ao longo do tempo geológico têm efeito determinante na construção da paisagem. Toda vez que ocorre a queda ou tombamento de um bloco de rocha, e a cada escorregamento de encosta, uma parte da história de evolução da paisagem está sendo contada.

 

Tabela de Tempo Geológico

 

 Fauna

 

A fauna de Cambará do Sul é diversificada e mesmo os mamíferos de grande porte podem ser encontrados com relativa facilidade e abundância. Existem cerca de 42 espécies de répteis, 154 espécies de aves e 31 espécies de mamíferos. Dentre os mamíferos podemos encontrar espécies como o leão baio (felis concolor), veado campeiro, veado bororó, graxaim do campo, cotia, tatu, bugio, jaguatirica, quati, irara, guaxinim, lontra, etc. Dentre as aves encontramos a gralha azul, siriema, papagaio do peito roxo, papagaio charão, gavião penacho, urubu rei, curicaca, perdiz, marreca piadeira, quero quero, jacu, quiri quiri, etc. Dentre os répteis encontramos a cotiara, urutu cruzeiro, jararaca além de uma infinidade de sapos, rãs e pererecas.

 

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